Queridos alunos da 8ª série C e demais convidados...
Mais um ano começou... vamos publicar muitas coisas legais, e principalmente, ler muitas coisas legais que nossos colegas sabem escrever...
Para começar, matei a curiosidade de vocês... meu soneto favorito...
Agora é com vocês, comentem esta publicação acrescentando o soneto predileto de vocês. Vale 0.2 a mais na nossa primeira prova!!!!
Aguardo até a quarta-feira de cinzas...
Bjuss
"O Mágico Veneno"
ResponderExcluir"Um mover de olhos, brando e piedoso,
Sem ver de quê; um riso brando e honesto,
Quase forçado; um doce e humilde gesto,
De qualquer alegria duvidoso;
Um despejo quieto e vergonhoso;
Um repouso gravíssimo e modesto;
Uma pura bondade, manifesto
Indício da alma, limpo e gracioso;
Um encolhido ousar; uma brandura;
Um medo sem ter culpa; um ar sereno;
Um longo e obediente sofrimento;
Esta foi a celeste formosura
Da minha Circe, e o mágico veneno
Que pôde transformar meu pensamento."
Soneto de Luiz Vaz de Camões.
"A menina de açores."
ResponderExcluir"Chega a menina na fonte,
na fonte chega a menina.
Passou feliz pelo monte,
subiu faceira a colina.
Leva o cântaro de louça,
vai buscar água, não cansa.
Casta beleza de moça,
pura expressão de criança.
Toma de volta o caminho
em meio a plantas e flores.
Queria dela um carinho.
Mas deve ter seus amores,
por isso regressa ao ninho,
numa das ilhas de Açores."
Soneto de Roberto Rodrigues de Menezes.
“Maldade”
ResponderExcluirTu podes ser igual a todo o mundo
teres defeitos mais que toda a gente,
– que importa ? se este amor cego e profundo
teima em dizer que te acha diferente!
Para mim (eu que te amo como um louco)
os que falam de ti são línguas más,
– ah! todo o amor que te dedico é pouco
e é sempre pouco o amor que tu me dás!
Sou a sombra que segue os teus desejos
e aos teus pés, numa oferta extraordinária
a minha alma vendeu-se por teus beijos…
Falam de ti… Escuto-os… Fico mudo…
Quanta maldade cruel, desnecessária
se eu já sei quem tu és… se eu sei de tudo!
J. G. de Araujo Jorge
A Vida
ResponderExcluirÉ vão o amor, o ódio, ou o desdém;
Inútil o desejo e o sentimento...
Lançar um grande amor aos pés d'alguém
O mesmo é que lançar flores ao vento!
Todos somos no mundo "Pedro Sem",
Uma alegria é feita dum tormento,
Um riso é sempre o eco dum lamento,
Sabe-se lá um beijo donde vem!
A mais nobre ilusão morre... desfaz-se...
Uma saudade morta em nós renasce
Que no mesmo momento é já perdida...
Amar-te a vida inteira eu não podia...
A gente esquece sempre o bem dum dia.
Que queres, ó meu Amor, se é isto a Vida!...
Florbela Espanca, in "Livro de Sóror Saudade"
Amizade;
ResponderExcluirUma amizade é a alma que se apega,
que apenas por amor se comunica;
não fere, não machuca e nem critica
pois a amizade verdadeira é cega.
Uma amizade é planta que se rega,
a que se empresta o tempo e se dedica
a calma, o sono, e quanto mais se aplica
a gente, nesta lida, mais se entrega.
Pergunto, então, a que me servirá
uma amizade? E assim respondo: bem,
que dela, nada que exigir-se há:
pois a amizade é um mimo que se tem,
e como um filho a quem o amor se dá
é um mesmo sem querer, querer alguém!
Soneto de Gilberto de Almeida.
Soneto do amigo
ResponderExcluirEnfim, depois de tanto erro passado
Tantas retaliações, tanto perigo
Eis que ressurge noutro o velho amigo
Nunca perdido, sempre reencontrado.
É bom sentá-lo novamente ao lado
Com olhos que contêm o olhar antigo
Sempre comigo um pouco atribulado
E como sempre singular comigo.
Um bicho igual a mim, simples e humano
Sabendo se mover e comover
E a disfarçar com o meu próprio engano.
O amigo: um ser que a vida não explica
Que só se vai ao ver outro nascer
E o espelho de minha alma multiplica...
Vinicius de Moraes
VERBO SER
ResponderExcluirQue vai ser quando crescer?
Vivem perguntando em redor. Que é ser?
É ter um corpo, um jeito, um nome?
Tenho os três. E sou?
Tenho de mudar quando crescer? Usar outro nome, corpo e jeito?
Ou a gente só principia a ser quando cresce?
É terrível, ser? Dói? É bom? É triste?
Ser; pronunciado tão depressa, e cabe tantas coisas?
Repito: Ser, Ser, Ser. Er. R.
Que vou ser quando crescer?
Sou obrigado a? Posso escolher?
Não dá para entender. Não vou ser.
Vou crescer assim mesmo.
Sem ser Esquecer.
Carlos Drummond de Andrade
PS: Esse tal de felicidade :) sou eu SOPHIA. kkkkk É um blog que eu criei a muito tempo mais só usei hoje.
ResponderExcluirOiii prof, eu nao consigoui de jeito nenhum comentar meu soneto no seu blog, tentei varias vezes ontem mas deu erro, então tentei mandar para a central do aluno e novamente deu erro entao hoje entrei denovo e deu erro pela central e tento denovo aqui, não sei se você vai aceitar mas estou mandando. Beijos.
ResponderExcluirAmor, que o gesto humano na alma escreve,
Vivas faíscas me mostrou um dia,
Donde um puro cristal se derretia
Por entre vivas rosas a alva neve.
A vista, que em si mesma não se atreve,
Por se certificar do que ali via,
Foi convertida em fonte, que fazia
A dor ao sofrimento doce e leve.
Jura Amor, que brandura de vontade
Causa o primeiro efeito; o pensamento
Endoidece, se cuida que é verdade.
Olhai como Amor gera, em um momento,
De lágrimas de honesta piedade
Lágrimas de imortal contentamento.
-Luis Vas de Camões